Era hora de almoço, e passavam por mim 2 dezenas de miúdos que mal me conseguiam analisar os joelhos de frente. Encarcerados dentro dos seus blusões, protegendo-os da brisa fria que “estragava” o sol que nos batia de chapa nas costas. Aos parezinhos em filinha pirilau de mãos dadas, noto que uma moçoila um pouco à frente do último par, encostava-se propositadamente ao seu parceiro, desviando-os mutuamente para fora da fila. Curiosamente, não tinham os dedos encruzilhados. Ao ver isto, uma educadora irritada exclama: “Zé Pedro, para a formatura! Só visto, este rapaz é mesmo…!!!”
Não me sai da cabeça aquele olhar da pequena loirinha, como se de um cão abandonado se tratasse, levando o seu colega pela sua trela para fora da filinha pirilau… sem necessitar sequer de lhe dar a mão. E de quem foi a culpam por terem saído da “formatura? Do Zé.
Como serão estas duas crianças quando começarem a “viver”? A tomar decisões relativamente ao que “sentem”? Provavelmente teremos uma rapariga que apesar de querer levar alguém consigo não se fará de fácil, nem lhe dará a mão. E um rapaz que se deixa levar pela inocência de quem tudo é menos isso, sem se aperceber que a culpa que o faz apegar é dela, que o vai empurrando tanto para ela como para longe, e não dele; nem tendo coragem de admitir que foi “encostado” por ela para sair da “linha”; e de longe, terá coragem de acusá-la: “foi ela que me empurrou”.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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